quarta-feira, 4 de junho de 2014

Pedro, o meu amor de infância

Existem muitas contradições sobre a origem da homossexualidade (e não mais homossexualismo, pois o sufixo ISMO significa doença, então, é isso). Muitos dizem que é opção ou condição sexual, tem aqueles que dizem que é genética, ou, até mesmo convivência. Um exemplo bem simples: filhos que são criados por mães 'tendem' a desenvolver a homossexualidade devido à escassez da presença de um pai (uma figura máscula), e ainda tem aqueles que acham que é falta de vergonha, falta do que fazer, e tantos outros rótulos.
Vou contar um pouco de mim, tentando ser o mais claro possível. Então, lembro exatamente quando tinha entre os 9 a 10 anos, e já era apaixonado por um amiguinho da rua. Ele chamava-se Pedro Henrique. Era alto, fortinho até, sempre brincava comigo sem camisa. Nós passávamos o dia todo junto. Além da escola, fazíamos aulas de reforço juntos, voltávamos pra casa juntos, às vezes ele dormia em minha casa (mas era em quarto separado, não sei o porquê).
Naquela época eu não sabia de nada. Não sabia que um garoto tinha a 'permissão' para gostar de outro garoto. Mesmo ingênuo eu sabia que os meus sentimentos eram direcionados ao Pedro. Seja porque eu queria estar sempre com ele. Seja porque eu escrevia o seu nome em meus cadernos. Seja porque eu queria jogar vídeo game o tempo todo com ele, enfim. Seja porque eu amava estar com ele. Veja só, eu amava está com ele. Será que uma criança de 9 anos saberia o que é gostar de alguém, logo por outro garotinho. Pois é, eu inconscientemente sabia de tudo isso, e adorava muito. Mas veja também a irônia, se eu ou ele fosse uma menina, nós poderíamos ter nos beijado, sabia? Nós poderíamos dar as mãos enquanto andávamos na rua, por exemplo. Quantas crianças de sexo opostos se dizem apaixonadas? Nós gays não podemos fazer isso, ainda não. Temos que ser crianças com culpa. Culpa de amar, culpa de sentirmos amor por outro. Tudo aquilo poderia ter sido um 'sonho de criança', mas acredito que não era...
Aí pronto, aquela época passou. Eu cresci, mudei, aos 9 anos passei a residir em outro bairro distante, e enquanto uma garotinha da vizinhança chorava declaradamente por mim, eu chorava pela perda do meu 'amor de infância', o Pedro, o meu melhor amigo. A diferença dessa menina, é que ela podia chorar por alguém, por um menino - e eu não, jamais. Eu chorava calado, sozinho, quieto, com culpa; enquanto a garotinha recebia o consolo de sua família. 
 A criação de uma criança gay é de suma crueldade. Uma solidão mais do que solitária. Somos criados em moldes, em rótulos 'heterocêntricos'. E tem mais, acreditem mesmo, pois neste momento existem crianças chorando em baixo de suas camas, sofrendo por sentimentos em prol de alguém - de um alguém do mesmo sexo. Na família, na escola, entre os amigos gostar de alguém do mesmo sexo é pecado, papai do seu briga, é feio e tantos outros tabus ridículos.
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